Respiradores CPAP ajudam pacientes em toda a América Latina

Os dispositivos estão atualmente sendo fabricados em seis países da América Latina: Peru, Paraguai, Equador, Colômbia, Uruguai e México, com o apoio do Departamento de Comércio Internacional do Reino Unido.

O dispositivo CPAP (Continuous Positive Airway Pressure, Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas), que ajuda a manter os pacientes sem a utilização de ventiladores mecânicos, é de produção rápida e de fácil aprendizado para as equipes, tem sido um salva-vidas em países de todo o mundo.

Mais de 400 unidades foram fabricadas no Peru e distribuídas para hospitais. “O que aprendemos é que especialmente durante a escassez de ventiladores, o CPAP é uma excelente alternativa como uma ‘ponte terapêutica’ que poupa tempo”, explicou a professora Patricia J Garcia (Universidad Peruana Cayetano Heredia Hospital, Peru).

“Pelo menos metade dos nossos pacientes não necessitam mais de ventilação. Para nós, o CPAP UCL-Ventura foi um salva-vidas”.

Projetado e fabricado em tempo recorde no início da pandemia, quando tanto os ventiladores quanto os CPAPs estavam em falta, o modelo UCL-Ventura atualmente é fornecido para pelo menos 15 outros países.

A equipe britânica está trabalhando extensivamente com organizações internacionais e com o governo britânico para dar apoio às equipes que fabricam este dispositivo em todo o mundo.

A professora Rebecca Shipley (UCL Institute of Healthcare Engineering) disse: “Esta enorme aceitação global dos CPAPs UCL-Ventura mostra a necessidade clínica de um dispositivo simples e de baixo custo para o qual os profissionais de saúde possam ser rapidamente treinados a utilizar. Estamos orgulhosos de ter construído parcerias de colaboração com equipes de produção e clínicas em todo o mundo, e continuaremos apoiando essas iniciativas de todas as maneiras que pudermos”.

Mais de 500 dispositivos foram fabricados para uso em hospitais em todo o Paquistão, além de dispositivos fabricados localmente também estarem ajudando pacientes em países como Índia, África do Sul e Ucrânia. Os dispositivos UCL-Ventura também têm sido fornecidos diretamente para a Palestina e Uganda.

Os dispositivos CPAP foram usados extensivamente na primeira onda da COVID-19 na Itália e na China para manter os pacientes sem a utilização de ventiladores mecânicos invasivos e foram capazes de evitar que cerca de 50% dos pacientes progredissem para a ventilação mecânica.

Como havia escassez de fornecimento nos hospitais britânicos, engenheiros da UCL e da Mercedes-AMG HPP — a empresa que fabrica os motores para a equipe de Fórmula 1 da Mercedes-AMG Petronas — trabalharam com médicos da UCLH para fazer a engenharia reversa de um dispositivo que pudesse ser fabricado em massa rapidamente. Agora o modelo UCL-Ventura é fornecido para cerca de 130 hospitais no Reino Unido.

O professor Mervyn Singer (UCLH Bloomsbury Institute of Intensive Care Medicine), consultor de cuidados críticos da UCLH, disse: “Houve uma mudança marcante na prática clínica em todo o Reino Unido desde o início da pandemia, com um uso muito maior de CPAPs, já que os hospitais reconheceram que esta era uma estratégia eficaz e, de forma crucial, pouparam os limitados recursos de cuidados intensivos para os doentes em quadros mais graves.

“O uso de ventilação mecânica caiu 26%, a permanência nos cuidados intensivos caiu pela metade para os sobreviventes e a mortalidade caiu um quarto”.

Para apoiar os sistemas de saúde em todo o mundo, os projetos e informações de fabricação para o UCL-Ventura foram disponibilizados gratuitamente on-line com o apoio da UCL Business, permitindo que as equipes de fabricação desenvolvam e obtenham aprovação regulatória para o dispositivo em seu próprio país. Até hoje, mais de 1900 equipes em 105 países já fizeram o download dos projetos.

O professor David Lomas (Vice-Reitor da UCL, área da Saúde) disse: “O combate a uma pandemia internacional como a Covid-19 requer uma resposta verdadeiramente global. Era imperativo para nós, desde o início, que o maior número possível de pessoas se beneficiasse deste dispositivo salva-vidas. Nossa decisão de disponibilizar os projetos sem custos e de trabalhar em colaboração com equipes do mundo inteiro estava de acordo com o espírito de parceria e compromisso da UCL de ajudar os outros”.

O presidente e reitor da UCL, Dr. Michael Spence, disse: “O desenvolvimento do UCL-Ventura é uma história notável de avanço científico, inovação e colaboração entre universidades, hospitais e indústrias britânicas. A velocidade com que o respirador foi produzido e aprovado para uso no NHS foi impressionante e estamos orgulhosos de que agora ele está ajudando a salvar as vidas de pacientes seriamente afetados pela COVID-19 em mais de 130 hospitais no Reino Unido e em pelo menos 15 países em todo o mundo.

“Isso não acontece por acaso. Acontece porque a pesquisa que ocorre em nossas universidades líderes mundiais está entrelaçada à estrutura do NHS e da indústria. Processos que normalmente seriam longos e burocráticos têm sido rápidos e eficazes em um momento de crise nacional. Se quisermos sair mais fortes como nação desta pandemia, é crucial que invistamos e apoiemos adequadamente o financiamento de pesquisas em saúde nas universidades e no NHS.”